O inverno está por começar no dia 21 de junho – e dermatologistas já percebem um aumento na procura por tratamentos de beleza em seus consultórios. O movimento é motivado, em parte, pela sabedoria popular de que esse seria o momento ideal para ampliar o autocuidado, principalmente no que diz respeito à pele.
Existe fundamento para a crença: durante os meses mais frios, as pessoas tendem a passar mais tempo em ambientes fechados, cobertas, e assim expõem-se menos ao sol. Esse comportamento, observa a dermatologista Francine Seibt, ajuda a reduzir complicações pós-aplicação, tais como manchas, inchaço e cicatrizes. Também porque existem técnicas que não podem ser realizadas em uma pele bronzeada de sol.
– A maioria dos procedimentos estéticos representa algum risco de manchas. Até por isso que geralmente recomendamos evitar o sol e usar protetor solar. Mas como no inverno há um nível menor de radiação do que no verão, consequentemente, o risco de fazer um procedimento e ficar com manchas é menor – afirma.
A favor do inverno também pesa o fato de que muitos tratamentos para a pele “pioram antes de melhorar”. Ou seja, deixam a aparência mais “feia” na semana subsequente – com vermelhidão e descamação, por exemplo. Assim, pode ser mais conveniente passar por essa fase na estação em que a tendência é ficar mais tempo em casa e se vestir com roupas que cubram mais o corpo.
Para quem está pensando em aproveitar essa temporada para cuidar da saúde e da beleza da pele, dermatologistas descrevem alguns procedimentos mais aconselháveis para o inverno.
Peeling
A dermatologista Francine Seibt defende que o procedimento dermatológico mais aconselhável a se realizar no inverno é, sem dúvidas, o peeling. Esse processo provoca uma descamação para a retirada de células superficiais e estimula, então, a vinda de uma pele renovada.
Só que, por remover uma camada de proteção, durante a recuperação, a pessoa fica suscetível à radiação e, consequentemente, a manchas. E nenhum produto oferece 100% de proteção, observa a médica.
– Muitos dermatologistas evitam ao máximo fazer peelings no verão, justamente, por ter muito risco de manchas. Principalmente, quando se trata de melasma, doença em que a pessoa tem tendência à superprodução de melanina pela pele. Fazendo um peeling no verão há um risco grande do melasma acabar piorando ao invés de melhorar – sublinha.
Os peelings variam dos graus mais leves aos intensos e, geralmente, são feitos com ácidos, como o retinoico, o glicólico, o salicílico e o mandélico. O resultado costuma ser uma pele com textura melhor, mais viço, menos manchas, poros e linhas finas.
No entanto, é preciso de cerca de uma semana para passarem os efeitos mais incômodos, como descamação, coceira e ardência. Dentro de um mês, já pode começar a ser vista a tão esperada pele renovada.
Varizes
Mais do que um incômodo estético, os pequenos vasinhos roxos que aparecem, principalmente, nas pernas das mulheres após os 30 anos podem ser um grande desconforto no dia a dia, causando dor, coceira, sensação de cansaço e outros sintomas, a depender da gravidade. Para quem optar pela secagem, a dermatologista Juliana Fonte recomenda que o processo seja feito no inverno, por conta dos hematomas que se formam.
– Quando fazemos a picadinha e o sangue se espalha, há ali a hemosiderina, substância que faz parte da hemoglobina e que tem uma certa afinidade com o sol. Resulta que, se o hematoma for exposto à luz solar, existe o risco de formar uma pigmentação permanente, ou seja, uma mancha. Sempre que a pessoa tem um hematoma e se expõe ao sol, corre um risco maior de manchar a pele – explica a médica.
Depilação
Sob o risco de queimaduras, a remoção de pelos do rosto e do corpo usando laser não pode ser feita quando a pele estiver muito bronzeada – em um tom muito maior do que é o seu normal, destaca Juliana. Daí a preferência pelo inverno para a técnica, já que, nessa época, o bronzeado normalmente já disse “adeus”. O que motiva o risco maior do procedimento nas bronzeadas é que o laser de depilação tem grande afinidade com pigmentos.
– Ele pega o pigmento do pelo para depilar. Tanto é que os fios brancos, que não têm pigmento, não conseguimos retirar com laser. Só que, se a pele da paciente estiver bronzeada, mais pigmentada, há o risco de manchar ou queimar também – pontua.
Isso também não significa que mulheres de pele escura e negras não possam fazer laser. Porém, trata-se de um processo mais delicado, que demanda utilizar as máquinas e os parâmetros apropriados para essas características, orienta a médica. No pós-sessão, todas as pacientes podem notar vermelhidão da pele, mas a tendência é normalizar em poucas horas. O ideal é usar protetor solar, conforme indicação médica, e evitar a exposição ao sol por alguns dias.
Laser rejuvenescedor
Para quem está à procura de rejuvenescimento da pele, com suavização das linhas de expressão e clareamento das manchas, uma das opções mais populares nos consultórios dermatológicos é o laser. Fotona, CO2 e Zye são alguns exemplos das tecnologias utilizadas, sendo que este último é um aparelho smart lançado mais recentemente.
Segundo a dermatologista Juliana Fonte, ele promete um tempo mais curto de recuperação. Além disso, como alguns tipos podem ser bastante agressivos para a pele, é mais indicado fazê-los no inverno.
– Vai retirar a camada mais superficial e provocar uma renovação. Por ser mais intenso e agredir mais a pele, durante o período de recuperação, a paciente não pode se expor ao sol. E logo depois de fazer esse laser, também não pode passar protetor solar. Então, tem que ficar dentro de casa – ressalta a profissional.
A depender da intensidade em que o procedimento foi feito, pode haver inchaço, vermelhidão e descamação. O período de recuperação dessa técnica costuma ser de quatro a sete dias, segundo a dermatologista. Mesmo depois desse tempo, contudo, a pele ainda deve permanecer sensível por algumas semanas e, por isso, não é aconselhável ir à praia nem ficar longas horas sob a luz do sol.
Microagulhamento
Pela necessidade de ficar longe do sol após a sensibilização da pele, a dermatologista Francine Seibt indica que sessões de microagulhamento sejam reservadas para os meses mais frios. Na prática, utiliza-se um rolinho coberto por microagulhas, que fazem pequenas punturas na pele. O objetivo é estimular o colágeno, o turgor, além de melhorar a aparência de cicatrizes, estrias, linhas finas e manchas.
– Essa técnica promove uma melhora global da pele e, inclusive, está na moda fazer o microagulhamento e, logo na sequência, um peeling, por exemplo. Nesse caso, o procedimento atua como drug delivery, onde os micropontos feitos ajudam as substâncias a penetrarem melhor na pele. Assim, a gente consegue potencializar os dois procedimentos, obtendo resultados melhores do que se eles fossem feitos isoladamente – diz Francine
É um procedimento que costuma doer e onde pode ser empregado um anestésico para alívio da paciente. A depender da intensidade com que for feito, a pele pode ficar mais machucada, com o aspecto de “ralada” e avermelhada. O número de sessões necessárias para notar uma melhora da pele varia conforme a pessoa, mas costuma ficar numa média de três.
Relax
No Kurotel Centro de Saúde e Bem-Estar, em Gramado, o inverno é o momento em que os serviços são especialmente populares. Segundo o dermatologista Damiê De Villa, muitos aproveitam a estação para curtir o spa e investir em tratamentos focados em rejuvenescimento e na melhora da qualidade da pele.
– Com as temperaturas baixas, as pessoas tendem a buscar tratamentos que proporcionem relaxamento, conforto, bem-estar e saúde. Uma tendência são os de estímulo muscular através de campo eletromagnético de alta intensidade. Na face, eles têm efeito lifting. No corpo, ajudam a remodelar, já que aumentam os músculos por hipertrofia e hiperplasia muscular, e diminuem a gordura através do aumento do metabolismo e morte das células adiposas – afirma.
Em casa também é possível cuidar da beleza. Um dia de homemade spa, com música relaxante, aromas agradáveis, banho quente e hidratação pode ser uma boa ideia para a estação. Para esse momento, uma das orientações da dermatologista Francine Seibt é evitar usar a água muito quente e reduzir a frequência das esfoliações, que podem agredir a pele, já sensível pela ação do clima.
A hidratação, contudo, é uma das etapas fundamentais, conforme Francine, por ser comum que a pele resseque mais do que o normal nessa época. Além do rosto, vale atenção especial aos braços e do joelho para baixo.
– O hidratante é melhor absorvido quando passado na pele úmida. Então, o ideal é que se passe logo depois do banho. O produto a ser usado depende do tipo de pele – ressalta.
O momento também é ideal para investir nos ácidos rejuvenescedores, desde que a hidratação não seja deixada de lado, pontua a médica:
– O funcionamento do ácido se dá provocando algum tipo de irritação, especialmente no início do tratamento. Então, é importante alternar com um hidratante, para a pele ir se acostumando aos poucos. Mesmo que seja um produto que a pessoa já usou anteriormente.
Revista Donna - Zero Hora - 30/06/2023
Por Letícia Paludo