A pele é o maior órgão do corpo humano e corresponde a 13% do peso corporal do recém-nascido. A pele do bebê é diferente da pele dos adultos. Ela é mais fina, tem menos fibras elásticas e menos pelos, as glândulas que produzem o suor ainda são imaturas e as células que produzem a coloração da pele estão em menor atividade. Todas estas características facilitam a penetração de substâncias tóxicas e agentes infecciosos e fazem com que a pele da criança seja mais sensível ao calor e a luz do sol, precisando ser constantemente protegida.
Diante da ampla gama de doenças que podem atingir a pele do bebê, cito abaixo as mais importantes e aquelas que geram grandes dúvidas:
Descamação fisiológica do recém-nascido
É a alteração mais comum e que pode perdurar nas primeiras semanas de vida. Apresenta-se como descamação fina sendo mais intensa em tornozelos, mãos e pés. Normalmente, a descamação se completa na terceira semana de vida. Durante este período o uso de hidratantes neutros, sem perfume e específicos para a pele do bebê é essencial.
Lanugem
É caracterizada pela presença de pelos finos, não pigmentados, que recobrem, principalmente, as costas, ombros e face do bebê. Permanecem por algumas semanas, com substituição espontânea por pelo corporal definitivo.
Cútis marmorata fisiológica
Espécie de rendilhado que surge na pele do bebê nos dias mais frios, devido a uma reação vasomotora, sendo considerada normal.
Hiperpigmentação dos genitais
Alguns bebês podem apresentar um tom mais escuro nos órgãos genitais que desaparece com o tempo.
Manchas ao nascimento
Popularmente são denominadas “manchas” ou “marcas de nascença” e observadas desde o nascimento ou nos primeiros dias de vida. A mancha mongólica é a mais comum no recém-nascido, de coloração azul-acinzentada, localiza-se caracteristicamente na região glútea e tende a regredir espontaneamente durante a infância. Não fique preocupada, essas lesões podem aumentar e escurecer até o segundo ano de vida. Já a mancha salmão(conhecida popularmente como “hemangioma plano”) acomete 50% dos bebês. Apresenta coloração rosa ou avermelhada, fica mais intensa quando a criança chora e localiza-se com frequência na nuca, região nasolabial e pálpebras. A maioria desaparece na infância, porém as que se localizam na nuca frequentemente persistem até a idade adulta.
Hiperplasia sebácea
São pápulas (“bolinhas”) pequenas esbranquiçadas, localizadas principalmente no nariz, bochechas e lábio superior, que ocorrem por atividade excessiva das glândulas sebáceas. Há resolução espontânea em algumas semanas.
Miliária
É uma patologia frequente que normalmente aparece após a primeira semana de vida. Caracteriza a famosa “brotoeja”. Decorre da obstrução das glândulas do suor, além do aumento da transpiração por agasalhamento excessivo e ambientes quentes. É caracterizada por áreas vermelhas, com pequenas bolhas no centro. Essa erupção cutânea pode aparecer no rosto, pescoço, ombro, barriga ou peito.
Eritema tóxico
É a alteração inflamatória mais comum ao nascimento. É caracterizada por pústulas amareladas (semelhantes a “espinhas”) que podem atingir todo o corpo, sendo mais comum nos primeiros dias de vida. Regride espontaneamente em alguns dias.
Dermatite atópica
É uma doença crônica, recorrente, que acomete cerca de 20 % dos pacientes na faixa etária pediátrica. Manifesta-se por pele seca e prurido em regiões típicas, que variam de acordo com a faixa etária. Nos bebês, surge geralmente a partir do terceiro mês de vida, no rosto, bochechas e couro cabeludo. Fique de olho, pois na maioria das vezes a área das fraldas é poupada. A criança fica agitada e chorosa por causa da coceira intensa. O tratamento é específico e deve ser definido e acompanhado por um dermatologista.
Dermatite de contato
É caracterizada por lesões avermelhadas, de início lento, localizadas nas áreas de contato com substâncias que podem induzir o quadro. Como a criança tem a pele delicada ela é mais suscetível e, por isso, é melhor evitar talcos perfumados, hidratantes e sabonetes.
Dermatite de fraldas
É popularmente chamada de assadura e afeta mais de 50% dos bebês. O uso da fralda ocasiona aumento da temperatura e da umidade local, tornando a pele mais suscetível à irritação ocasionada pelo contato prolongado com a urina e as fezes. Frequentemente surge infecção secundária por fungos. O uso de pós (como maisena), óleos, sabões e pomadas irritantes sem indicação pediátrica, agravam o quadro. Nesse caso, o mais importante é a prevenção, com trocas frequentes de fraldas, escolha da fralda adequada (com maior capacidade de absorção) e controle das infecções secundárias, como o famoso “sapinho” (candidíase).
Monilíase perineal
a candidíase ou sapinho. O ambiente úmido e quente produzido pela fralda favorece o crescimento de um fungo chamado de Candida albicans. Pode ser representada por vermelhidão local, descamação e pela presença de pontos ou placas esbranquiçadas. O tratamento deve ser realizado com pomadas específicas, indicadas pelo dermatologista.
Dermatite seborreica
É mais comum entre 4 e 6 semanas de vida e acomete, principalmente, o couro cabeludo, sobrancelhas, orelhas e pescoço. É caracterizada pela presença de escamas amareladas e pode estar associada à vermelhidão local. É uma patologia auto-limitada, durando de semanas a meses. Consulte o dermatologista do seu filho para ajudá-la com tratamento específico.
Cuidados e dicas:
– O banho deve ser morno (com a temperatura em torno de 37ᵒ), com duração de até 10 minutos. Utilize sabonete com pH neutro e use toalhas confortáveis para enxugar o bebê – dobra por dobra;
– Não é preciso dar banho no bebê a cada troca de fralda no caso de xixi. Um algodão umedecido com água morna é o indicado para a higienização. O sabonete, mesmo sendo neutro, e lenços umedecidos retiram a camada de proteção da pele. No caso de cocô, o ideal é lavar o bumbum apenas com água;
– Deixe o bebê algum tempinho sem fraldas para evitar um pouco o atrito da fralda com a pele;
– Não use talco nem perfume direto na pele do bebê;
– Uso exagerado de pomadas para prevenção das assaduras pode ter efeito contrário. Deve ser passada uma fina camada de pomada, pois o exagero deixa a região sem “respirar”.